O aluno que está nos últimos anos da escola, na faculdade, seja qual curso for, está preparado para as competências do século 21? Aqui, estou me referindo à internet das coisas, à big data, à biotecnologia, à inteligência artificial, à gestão da inovação e à educação financeira. Outra pergunta que deve ser constantemente respondida é como encorajamos os estudantes a se apaixonarem pelo aprendizado? Quero deixar bem claro que se apaixonar em aprender e a saber gerir as competências do século 21 não significa não ter disciplina, horário, prova. Muito pelo contrário, não devemos menosprezar a capacitação adquirida pelo aluno no ambiente escolar, sobretudo, por ser essencial ao desempenho do estudante em exames como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) e vestibulares.
Em recente artigo, publicado no Jornal Folha de São Paulo, Claudio Sassaki, da startup Geekie, empresa que combina tecnologia com o conceito de ensino adaptativo para aumentar o desempenho de alunos, relatou sua experiência no Project Zero, iniciativa do filósofo Nelson Goodman, na Universidade de Harvard (EUA). O projeto consiste em preparar o educador para lidar com o ensino analiticamente, desenvolvendo novas abordagens para planejar a aula. No modelo tradicional, o professor pensa a aula com base em critérios mais convenientes ou de acordo com roteiros estabelecidos pelo livro. Na minha opinião, este modelo é mais fácil, por dar segurança para professores em início de carreira.
Dentro do conceito de pensar para a aula, o professor assume a lógica de priorizar a melhor experiência de aprendizagem para o aluno, ou seja, ele começa a pensar a aula, analisando quais são os objetivos de aprendizagem que deseja atingir. Estou falando da metodologia de Nelson Goodman, o "teaching for the understanding" (ensinar para compreensão), que tem por alicerce o nível de aprendizado que se espera que o aluno tenha. Para isso, o professor precisa ter os objetivos de aprendizagem claramente estabelecidos, a partir de uma definição clara e, assim, pensar em qual será a melhor experiência de aprendizagem para o pleno entendimento do conteúdo por parte do aluno.
No Project Zero, ele propõe que o professor explore maneiras de aprofundar o envolvimento do aluno; encorajar os estudantes a pensar de forma crítica e criativa; e tornar o aprendizado e o pensamento visíveis. Os desafios da escola e da universidade são muitos, mas algo as duas têm em comum. Primeiro, ambas preparam para a vida, para a cidadania; segundo, a vivência prática, a experiência profissional é de extrema importância, e o professor é parte fundamental no processo.